Parte dessa redução da demanda industrial por energia ocorre devido à substituição da produção nacional por produtos importados, que são mais baratos, e parte devido ao aumento do preço da energia
Especialistas e profissionais do setor de energia brasileiro, além de inúmeros economistas, vêm alertando o Governo Federal sobre o risco de apagão, com impactos nefastos à economia brasileira. Contudo, só a ameaça de racionamento já vem causando consequências negativas à nossa frágil economia.
No relatório anual de 2013 da Empresa de Pesquisa Energética verifica-se uma redução da demanda de energia, pela indústria, apesar do crescimento do consumo residencial e comercial.
Indústria reduziu o consumo de energia ao menor nível em 5 anos, diz EPE, O consumo de eletricidade nas indústrias caiu 4,3% em maio, para 14.900 GWh, a menor demanda para o mês desde 2009.
Parte dessa redução da demanda industrial por energia ocorre devido à substituição da produção nacional por produtos importados, que são mais baratos, e parte devido ao aumento do preço da energia, forçando a indústria a reduzir a produção, apesar da promessa da presidente Dilma Rousseff de que a energia ficaria mais barata no Brasil para todos.
Algumas perguntas precisam ser feitas:
– Se o Governo Federal não tivesse transferido mais de R$ 11 bilhões para as Distribuidoras comprarem energia das térmicas, seria possível entregar energia aos consumidores ao preço atual das distribuidoras?
– Se o consumo de energia das indústrias não tivesse sido reduzido, o sistema suportaria o aumento da demanda residencial e comercial?
– Caso não tivéssemos, nos últimos quatro anos, um “PIBinho”, haveria energia suficiente para atender ao consumo brasileiro? Sendo que a elasticidade2 PIB e consumo eletricidade é 1,06.
O Governo Federal apenas não assume publicamente que há risco de racionamento, devido às eleições presidenciais que ocorrerão neste ano.
Racionamento não necessariamente precisa ser feito através de corte impositivo de consumo de energia, existem outras formas.
No caso brasileiro, o racionamento está sendo imposto através do preço máximo do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças 1) de R$ 822,83 MWh , ou pela substituição de produtos nacionais por mercadorias importadas.
Devido aos preços estratosféricos do PLD, praticados nos últimos meses, a indústria optou por importar ou simplesmente não produzir.
Por outro lado, a energia elétrica mais cara tem levado as indústrias que geram energia para consumo próprio, deixar de fabricar um produto para poder economizar energia e vendê-la ao preço de PLD, aproveitando assim o momento para fazer caixa. Esse tipo de anomalia cria distorções na economia.
Somando a redução do consumo da indústria, temos as térmicas que estão operando ininterruptamente desde 2012, mas que, em algum momento, terão de parar para fazer manutenção.
Vale a pena lembrar que as térmicas foram planejadas para operar em caso de emergências temporárias, por ser esta fonte de energia cara e poluente. Ou seja, deveriam ser usadas por curto período, para recuperar os níveis de água dos reservatórios, mas as mesmas já deixaram de ter essa função e fazem parte da base energética do país. É uma situação análoga a de um trabalhador que utiliza o limite do cartão de crédito para pagar as contas do dia a dia.
O primeiro passo para se corrigir esses problemas é o Governo Federal assumir que setor elétrico está passando por uma crise de planejamento, e que todos devem racionalizar o uso de energia.
Ao assumir as dificuldades, é possível evitar que, em 2015, o corte no consumo de energia mais radical force o país a entrar em uma recessão, como vimos no racionamento de 2001.