A quatro meses do fim do prazo estabelecido para instalação de energia por meio do programa Luz para Todos, do governo federal, 10.852 mil famílias da zona rural do Tocantins continuam sem energia elétrica, segundo dados do Ministério de Minas e Energia. Há quatro anos, eles receberam a notícia de que a energia elétrica será instalada até o fim de 2014.
Em Mateiros, região leste do estado, um poste de energia foi colocado a 100 metros da casa do produtor Arnô Ribeiro de Souza, apesar disso, ele continua a viver sem luz. “Tem uns tempos aí, fizeram o projeto e saiu para umas pessoas e outras não. Nós mesmo que moramos mais perto da rede não ganhamos energia.” Alguns moradores compraram os fios, mas sem luz, eles estão sendo usados para estender roupas.
A dona de casa Cláudia Rodrigues de Alencar mora a dois quilômetros e meio de Palmas e a lamparina faz parte do dia a dia. “Feijão a gente cozinha só aquele tanto para comer naquele dia, porque se deixar pro outro dia estraga, porque não tem geladeira, não tem energia.”
Alegando falta de recursos, em 2012, a Celitns – concessionária de energia do Tocantins – pediu para estender o prazo para implantação da rede de energia do Programa Luz para todos, até 2027. A solicitação foi negada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O defensor público estadual, Arthur Luiz de Pádua conta que em maio deste ano, as Defensorias Públicas da União e do Estado entraram na justiça para que o governo federal e a Eletronorte assumam o serviço do Luz para Todos no Tocantins. “Os serviços foram iniciados e não foram concluídos. A prova da ineficiência já está devidamente constatada neste processo judicial.”
Por nota, a Celtins afirma que os dados da ação judicial são de 2012 e não estão atualizados. Segundo a concessionária, faltam atender oito mil famílias no estado.
Enquanto o problema não é resolvido, o ajudante de pedreiro, Fábio dos Santos Oliveira continua vivendo às escuras. “Eu não me sinto cidadão. Eu fico me perguntado o motivo da gente estar tão perto da cidade e sem energia.”
O Ministério de Minas e Energia informa por nota que o repasse de R$ 85 mi, referente ao novo contrato firmado com a Celtins está condicionado à regularização fiscal da empresa. A concessionária afirma que todas as pendências já foram resolvidas. Já a assessoria de imprensa da Justiça Federal no estado ressalta que não tem data prevista para analisar o pedido de liminar da Defensoria Pública.