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Bandidos roubam 11 toneladas de fios de usina de energia em São Paulo

Crime aconteceu em Araraquara, na maior linha de transmissão do país.
Em dois anos, 3,5 mil km de fios foram roubados em São Paulo.

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No final de semana, bandidos levaram 40 metros de cabos de alumínio de uma das linhas de transmissão, em Araraquara, no interior de São Paulo.  No mês passado, a mesma usina já tinha sido roubada. Os bandidos levaram 11 toneladas de fios.

A população corre o risco de ficar sem telefone, sem internet e até sem luz porque tem muito bandido roubando fios de transmissão de dados e de energia elétrica.

Os ladrões agiram no meio do canavial, em Araraquara, no interior de São Paulo. Eles cortaram, enrolaram e amarraram os cabos e deixaram para um caminhão retirar.

Foi tudo sem pressa. Até porque para cortar um cabo de cinco centímetros de diâmetro precisa de tempo e equipamento especial. Depois, precisa de muita gente para carregar.

A equipe do Jornal Hoje andou pelo canavial e encontrou mais de 30 metros de cabos perto de uma das torres. Os ladrões abandonaram tudo porque um vigia percebeu o crime e deu um tiro para o alto.

Mas, eles já tinham levado quase 3,6 mil metros de fios ou 11 toneladas de cabos de alumínio.
Os ataques aconteceram na maior linha de transmissão corrente do país.

A energia gerada nas usinas de Jirau e de Santo Antônio, em Rondônia, é transmitida por dois 2,375 mil quilômetros de cabos de alumínio, sustentados por 4,9 mil torres que vão de Porto Velho até esta subestação em Araraquara. Já na época da construção da usina, os ladrões levaram cabos de cobre, que deveriam ser instalados debaixo do chão.

“Na época da construção, roubaram praticamente toda a reserva, mas de cobre. O prejuízo foi R$ 300 mil”, conta o engenheiro Adriano Altmann.

É o maior sistema de transmissão do mundo, o mais longo do Brasil. Só perde para Itaipu, que tem 800 quilômetros de distância.

O sistema ainda não está totalmente pronto. Por isso, ainda é o segundo em capacidade de entrega de energia. Hoje, abastece principalmente a região Sudeste.

“No momento estamos despachando em torno de 1.200 mega. Isso equivale a alimentar oito estados do Acre. Fica mais vulnerável e tem a possibilidade sim de ter um corte de transmissão devido a esse furto sim. É prejudicial para o sistema energético como um todo”, fala o engenheiro.

Foram cinco casos em menos de um mês. Em todos eles, os cabos foram cortados do alto das torres. O que significa que quem fez isso tinha conhecimento suficiente para evitar uma descarga elétrica fatal. Até agora, a polícia prendeu apenas três vigilantes – suspeitos de facilitar a ação dos ladrões.

Quando tem uma falha, um alarme dispara, mas o alarme só funciona quando a energia está ligada. A polícia acha que os ladrões agiram justamente quando o sistema estava desligado.  Por isso, quando tudo foi ligado e o alarme tocou, a quadrilha já estava longe.

Quando cortaram o cabo, a energia em alta tensão queimou tudo em volta da torre. Para arrancar os cabos, a quadrilha derrubou uma torre de aço no chão e dobrou outras duas. Para consertar um cabo cortado, é preciso uma equipe de pelo menos 15 pessoas trabalhando durante dez dias.

A partir disso, a energia elétrica vai para as cidades e são os consumidores que mais sentem os efeitos das quadrilhas. Para o engenheiro do Instituto Pesquisas Tecnológicas (IPT) – a solução seria esconder os fios, como já foi feito em poucas ruas e avenidas de São Paulo.

“Acho que a única maneira que temos hoje de fazer essa redução é de melhorar a proteção mecânica. Por exemplo, encapsular em concreto, usar técnicas que dificultem o acesso ao material. Não tem outro jeito. Uma vez que acesso seja conseguido é fácil extrair porque são metais moles. É fácil cortar”, afirma o chefe do laboratório do IPT, Mário Leite Pereira Filho.

Mais de 3,5 mil km roubados em 2 anos

No ano passado, só na cidade de São Paulo, foram roubados 930 km de fios. Este ano, só até junho já foram quase 500 km. No caso de fios telefônicos – usados para telefone e internet, uma operadora informou que perdeu, de janeiro a maio do ano passado, mais de 717 km de fios. No mesmo período deste ano, mais de 1,4 mil km.

Somando os fios de telefone com os de luz roubados este ano e no ano passado vai dar mais de 3,5 mil km de fios. Se os cabos fossem emendados, em linha reta, dava para ir de Buenos Aires, capital da Argentina, até Maceió.

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