Vários avicultores dos municípios do Planalto Norte Catarinense registraram prejuízos consideráveis por causa das constantes quedas de energia elétrica que vem acontecendo desde o mês de dezembro
Em Monte Castelo, o avicultor Lucas Roskamp registrou a perda de 24 mil aves que estavam com 54 dias e prontos para o abate. Segundo ele cada ave morta pesava em torno de 3,400 kg, o que representaria um total de 80 toneladas que carne que foram jogadas fora.
As aves morreram devido ao calor, já que os aviários precisam ser ventilados constantemente. Nos aviários, a temperatura média fica entre 26ºC e 28ºC, mas com a queda de energia, chegou próximo dos 40ºC. Foi com o abafado e com o calor que as aves morreram.
Já em Canoinhas, o produtor Moacir Bail, 44 anos, morador do Salto dÁgua Verde, também perdeu devido a falta de energia elétrica mais de 32 mil aves que estavam em seus dois aviários. As aves estavam com 35 dias e faltavam apenas mais 10 dias para serem comercializadas.
Avilcutor tem prejuízo de mais de R$ 200 mil com falta de energia
O avicultor calcula um prejuízo de mais de R$ 200 mil com o episódio, sem contar todo o trabalho da família que também foi perdido.
Uma manifestação de protesto contra a Celesc deve acontecer na manhã desta segunda-feira (13) em Canoinhas. Os avicultores, fumicultores e demais produtores rurais devem se concentrar na Praça do Centenário a partir das 07h30min.
Na madrugada de sábado, 11, o avicultor Moacir Bail, 44 anos, teve mais de R$ 200 mil em prejuízos com a queda e oscilação da energia no Salto d’Água Verde, em Canoinhas. Mais da metade da criação de aves morreu pela falta de ventilação em dois aviários.
Segundo ele, a energia elétrica caiu às 3h40 e só normalizou às 8 horas.
Os aviários são com paredes fechadas, com um vão de 15 metros na entrada, por onde entra o ar que é distribuído por um exaustor. Bail diz que, às 5 horas, a luz piscou cerca de dez vezes. O resultado: a ventilação nos aviários parou. “Foi fatal. A gente lutando, mas não tinha o que fazer”, diz
As aves que estavam mais à frente sobreviveram. No entanto, 32 mil aves morreram, das 60 mil que a família mantinha.
Cada aviário já havia consumido 100 mil quilos de ração, que custa em torno de R$ 0,80 o quilo.
“Estava sendo um bom negócio, mas foi um prejuízo muito grande de uma vez só. Se não puder cobrar de alguém, não sei nem o que fazer. Desanima”, desabafa o avicultor, que vende os frangos para a empresa Tyson Foods, de Itaiópolis, há um ano. “A energia elétrica é tão cara e a gente não vê melhora alguma no serviço.”
Em meio à polêmica sobre as sucessivas quedas de energia elétrica na região, o agricultor Osvaldo Paiter foi uma das vítimas a sofrer consequências diretas do apagão.
Na manhã de segunda-feira, 13, a sua estufa de fumo elétrica de 42 metros quadrados, na localidade de Colônia Liticoski, no distrito de São Pascoal, em Irineópolis, com uma tonelada de fumo estocado, incendiou depois de ficar mais de cinco horas sem energia elétrica. Segundo o proprietário, a falta de energia provocou o superaquecimento da estufa por falta de ventilação, provocando o incêndio.
Os bombeiros de Canoinhas foram até o local, mas pouco puderam fazer. A perda foi total.
Na tarde do mesmo dia, o agricultor Orlando Chimboski perdeu sua estufa de fumo, desta vez em Canoinhas, na localidade de Rio d’Areia de Baixo. A estufa, medindo 33 m² continha pelo menos 800 quilos de fumo. Ainda 15 metros do telhado de um galpão anexo à estufa queimaram com o incêndio.
Os bombeiros usaram mais de 3 mil litros de água para conter as chamas que provocaram a destruição da estufa.
Mais recente, na madrugada de ontem, 16, a terceira estufa de fumo, em menos de uma semana, foi destruída pelo fogo na região.
Desta vez, o incêndio aconteceu em Rio d’Areia de Cima, interior de Canoinhas.
Segundo o proprietário da estufa, Mateus Chostak, o fogo começou por volta das 2h e destruiu a estufa com 1,2 mil quilos de fumo. Quando os bombeiros chegaram ao local, Chostak já havia controlado o fogo, evitando que as chamas atingissem um barracão ao lado.
A estufa de 50 m², no entanto, foi totalmente destruída. Os bombeiros gastaram cerca de 2 mil litros de água no rescaldo.
PROTESTO CONTRA CONSTANTES QUEDAS DE ENERGIA
Cerca de 150 agricultores de Canoinhas e região se reuniram às 7h30 de segunda-feira, 13, em frente à Igreja Matriz Cristo Rei, em Canoinhas. Eles protestaram contra as constantes quedas de energia na região, que têm deixado prejuízos incalculáveis.
Depois, às 9 horas, o protesto se concentrou em frente à Celesc, onde os agricultores cobraram posicionamento da estatal.
Segundo o coordenador do Sindicato da Agricultura Familiar (Sintraf), Osvaldo Bail, os agricultores estão cansados de promessas e querem uma solução imediata, sob risco de perder toda sua produção.
O vereador de Canoinhas, João Grein (PT), também participou do protesto. Ele explicou que a luta não tem bandeira partidária, mas que é uma questão a ser debatida e cobrada por toda a população. “É um descaso com a região. Somos o maior produtor de fumo do Estado e ainda assim não temos um serviço [de energia elétrica] de qualidade”, diz. Os agricultores elaboraram um documento com as reivindicações e se reuniram com o gerente da Celesc em Canoinhas, Oswaldo Romanovski, para que os pedidos chegassem à sede da empresa, em Florianópolis. O gerente local da estatal reafirmou os investimentos na região e assumiu o compromisso de encaminhar o documento.
A situação precária se espalha pela região. Em Mafra, tanto na quinta-feira, 9, quanto na sexta-feira, 10, faltou energia três vezes até ao meio-dia. “Isso tem acabado com a paciência de muita gente sem voz. Empresários perdendo seus maquinários elétricos, produtores perdendo a qualidade das folhas de fumo e tantos outros segmentos estão tendo perdas com as inúmeras quedas de energia”, desabafa o vereador de Itaiópolis, Alcides Nieckarz.
A Start dispõe de geradores de energia para solucionar e prevenir contra quedas de energia em granjas criadores de aves.