O presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado (Movergs), Ivo Cansan, calcula em R$ 7 milhões os prejuízos ao setor causados pelo apagão de luz na tarde desta terça-feira em Bento Gonçalves. Nova Petrópolis também foi impactada pela medida de corte de energia determinado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em função de problemas no abastecimento na Região Norte, conforme alegou a assessoria de imprensa da RGE.
A medida, considerada rara, senão inédita, buscou reduzir o consumo em vários Estados do país para minimizar a sobrecarga do Norte. A estratégia certamente acende o sinal amarelo (ou seria vermelho?) de como o Brasil está vulnerável em infraestrutura e abastecimento, justo no momento em que o Rio Grande do Sul vive um calor histórico.
Cansan lamenta que, além das dificuldades logísticas e de transporte, retomada lenta da produção pós-férias e juro subindo, agora o polo moveleiro de Bento, responsável por 10% da produção brasileira, seja vítima da falta de planejamento nacional.
— Isso nos deixa pasmo. Quem tomou essa decisão não tem o menor conhecimento de como isso afeta a produção. É um prejuízo que não tem volta — desabafou o dirigente.
O apagão de energia de cerca de duas horas (a partir das 14h) afetou a grande maioria das 300 fabricantes de móveis da cidade, que geram 8 mais de mil empregos. Foi um turno de trabalho perdido.
Ocorre que, com o calor inclemente e sem luz, muitas empresas optaram por liberar os funcionários de tarde, já que a falta de ar-condicionado deixou os ambientes infrequentáveis.
Cansan promete um manifesto de repúdio a ser enviado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a outras entidades mostrando o impacto do corte de energia e tentando evitar que novos capítulos assim voltem a afetar a produção. O empresário também avaliará se tem como buscar ressarcimento das perdas na Justiça.
Indústria do PR tem prejuízo de R$ 100 mil com apagão
Na região de Londrina (388 km de Curitiba), nove municípios foram atingidos pelo apagão.
Uma falha no sistema elétrico interrompeu parte da transmissão de energia entre o Norte e o Sudeste do país na tarde de hoje, causando falhas no abastecimento de diversas cidades de quatro regiões do país. Mais de um milhão de unidades consumidoras ficaram sem energia.
No total, 86 mil unidades consumidoras ficaram sem energia por aproximadamente uma hora, de acordo com a assessoria de comunicação da Copel (Companhia Paranaense de Energia).
Segundo a Companhia, 548 mil unidades consumidoras no Estado -13% do total de clientes da empresa- foram desligadas preventivamente.
Na cidade de Assaí, a Jumbo Indústria Mecânica, fabricante de equipamentos especiais para geração de energia, como partes de turbinas para hidrelétricas, foi afetada durante uma hora.
Segundo o diretor comercial da indústria, Marco Antônio Bomtempo, o prejuízo por causa do apagão chega a R$ 100 mil.
“Só com o período parado dos 600 funcionários perdemos R$ 40 mil. Se calcularmos também o tempo inativo das máquinas e perdas por danos nas peças por causa da interrupção abrupta, chegaremos a R$ 100 mil de prejuízo total por causa do apagão”, afirmou Bomtempo.
Ele diz que, somente em 2014, já é a segunda vez que acontece uma interrupção de energia desse tipo.
Perto das 16h a Copel informou que foi autorizada pelo ONS a religar o sistema, e que a energia já havia sido restabelecida para os consumidores paranaenses.