A tarifa de energia elétrica voltou a ser a principal vilã no bolso dos ribeirão-pretanos em abril, com variação de 3,62% em relação a março, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) calculado pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
“A energia elétrica foi e está sendo o grande vilão por causa da política do governo de baixar o preço dos ativos das empresas de energia. Isso fez com que as geradoras, transmissoras e distribuidoras tivessem uma descapitalização das ações, e o governo acabou repassando esse prejuízo para a população”, explicou a o economista Fred Guimarães, coordenador da pesquisa.
Guimarães destacou ainda que a alta nas contas de eletricidade acaba sendo repassada no preço final dos produtos. “Tem muito produtor rural que está convivendo com o clima hostil: hora muito calor, hora muito frio, seca, chuva. Isso impacta na produção. Se ele paga uma energia elétrica maior, o preço do produto também vai aumentar”, disse.
Inflação
No mês passado, o IPC em Ribeirão teve variação de 0,167% em relação a março, o que significa aumento no custo de vida da população. Além da energia elétrica, o leite também contribuiu para o resultado final do índice – o preço do produto variou 2,87% nos dois últimos meses. Frutas como mamão, manga e tomate também ganharam destaque no ranking, com variação de 17,40%, 16,57% e 9,10%, respectivamente, entre março e abril.
Segundo Guimarães, a expectativa é que o tomate e o leite continuem entre os maiores vilões. Em abril, o quilo da fruta era vendido pelo preço médio de R$ 5,84 – 13% a mais que no mesmo período do ano passado. Em maio, alguns supermercados e varejões já comercializam o mesmo produto por R$ 10 o quilo. “Também foi anunciado um aumento da tarifa de água nos próximos meses. Então, é uma tendência de que haverá inflação em maio”, disse.
Remédios mais caros
O grupo Saúde, que abrange preços de medicamentos e planos de assistência médica, teve variação de 1,22% em abril, em relação a março, segundo o levantamento da Acirp. O preço dos anti-inflamatórios e antirreumáticos, por exemplo, subiram 4,4%. Já entre os antibióticos e substâncias anti-infecciosas, o aumento foi de 3,9%.
O economista explicou, no entanto, que a contribuição do setor é pequena no resultado final do IPC da cidade. “Existe uma estimativa de que Ribeirão tem 40% a mais de pessoas nas classes A e B, do que no restante do país, e 18% a mais do que no resto do interior de São Paulo. Então, as pessoas têm uma renda maior e a saúde acaba pesando menos. Gastos com saúde pesam mais para as classes C, D e E”, afirmou.
Gastar menos
Além de orientar a costumeira pesquisa de preços, o economista afirma que a população não deve gastar mais do que recebe, ou seja, nesse momento de dificuldade econômica, é preciso respeitar ainda mais o orçamento.
“Cada consumidor tem um tamanho de bolso. O que as pessoas precisam entender é que não podem gastar mais do que ganham, ou o que ainda nem ganharam”, destacou Guimarães.
Por outro lado, o coordenador da pesquisa também critica a política econômica do Governo Federal, afirmando que o equilíbrio só será alcançado a partir de um corte de gastos no sistema público.
“O governo está tentando criar confiança na população, só com o aumento dos juros. Dessa forma, não cria confiança. Você cria confiança na medida em que tem um governo mais enxuto, que gaste menos, que economize e faça o mesmo que a população está fazendo”, disse.