O Operador Nacional do Sistema (ONS) divulgou sexta-feira (7) novas previsões oficiais para a situação de energia elétrica do país, com dados ruins sobre a geração hidrelétrica. O órgão estima que o nível de represas de usinas do Sudeste cairá para 15% no fim de novembro. Na semana passada, a expectativa era de 15,5%. Hoje, as hidrelétricas do Sudeste têm o pior nível registrado desde o fim de outubro de 2000, ano anterior ao do racionamento. Especialistas do setor têm alertado para o grande risco de racionamento em 2015 se não chover perto das médias históricas durante o período úmido.
Ao mesmo tempo, as chuvas esperadas para a região deverão ficar a 69% da média histórica no próximo mês, uma redução ante os 74% projetados na semana passada. Segundo o relatório Programa Mensal de Operação (PMO), do ONS, o consumo de energia no Sudeste subirá 2,3% em novembro. No levantamento apresentado na sexta-feira anterior, a expansão era estimada em 1,8%. Para o Nordeste, a expectativa para o fim do mês é de chuvas a 38% da média histórica deste mês, com represas em 11,5% da capacidade e uma demanda elétrica avançando 4,7%.
A expectativa do órgão gestor do Sistema Interligado Nacional (SIN) para o consumo de energia no país é de um crescimento de 2,9% no fim de novembro em relação ao fim do mês passado. Na semana passada, essa aposta era de aumento de 2,6%, puxado pelas altas temperaturas. Apesar disso, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, reiterou ontem que não há risco de racionamento de energia no país. Na quarta-feira, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) elevou de 4,7% para 5% o risco de deficit de energia em 2015 no Sudeste e Centro-Oeste, atingindo o risco máximo tolerável no sistema.
O executivo destacou que o ONS tomou medidas como preservar o volume de energia nos reservatórios de usinas localizadas na cabeceira dos rios durante o período seco, do fim de abril ao início de novembro. A medida inclui usinas importantes de Minas Gerais, como Furnas, Emborcação e Nova Ponte. A estratégia é começar a soltar essa energia agora no período em que a demanda começa a crescer, o que já está sendo feito.
Efeito diesel
Na avaliação do ONS, o reajuste de 5% nos preços do diesel nas refinarias, anunciado na noite de quinta-feira (6), deve ter um impacto proporcional nos custos da geração termelétrica, uma vez que há térmicas a óleo diesel em plena atividade. “Pesa um pouquinho, mas não é o grosso da geração”, ressaltou Hermes Chipp. De acordo com o executivo, dos 20 mil megawatts (MW) gerados pelo parque térmico brasileiro, só 3 mil MW vêm de usinas a diesel, todas localizadas no Nordeste. A maior parte das usinas emprega gás natural como combustível.